segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Conta-me Histórias: ...do Presente: "O MUNDO DAS DESCOBERTAS"

Este "Mundo das Descobertas" parece estar mesmo vetado ao esquecimento, a ficar perdido fora do meu tempo. Algures aparece-me vindo do nada este espaço com nova fachada, onde sem querer acabo por entrar e me perder.
O nó que o meu coração sente no exacto momento em que aqui entra torna-me irracional, sem que consiga ser eu por inteiro. Viajo no tempo, para outro tempo passado, e voltam tempos de dor a querer tomar conta de mim, a prencher-me espaços.
Num tentar sair, sem conseguir, fico e torno-me marionete de mim mesma; fantoche inconsciente de mim, onde um eu supostamente arrumado volta no presente sem pedir licença e se faz tempo de agora.
Respiro fundo, primeiro barafusto, reclamo, com as lágrimas a querer saltar a cada recordar; depois acalmo (sem acalmar) os sentidos, silencio-me e tento ver-me livre dos meus fantasmas passados que querem forçosamente romper barreiras e reentrar por aqui dentro sem perguntar se há aqui lugar para eles.
Desolada, triste, percebo que a limpeza interior é algo que na teoria funciona mas que na pratica não é tão simples assim, que na pratica somos seres pensantes, errantes, e dominados pelas emoções, e, mesmo quando nos achamos donos das situações a vida acontece e mostra-nos que não somos donos de nada, que não controlamos nada, que somos como folhas ao vento que podemos ser arrastados no vendaval.
O coração parece ter uma infecção, uma dor permanente, que com alguma medicação pode ser acalmado, controlado, mas é só aparentemente; na realidade o desgraçado, do nosso coração, no ritmo acelerado da nossa vida é apenas um pobre coitado que bate descontrolado em cada curva do nosso caminho.
Este "Mundo das Descobertas" é, sempre, um carrocel de emoções em mim, e quando penso que vou conseguir, ele mostra-me a pequenez do meu ser, mostra-me o pouco do que nada sei,faz-me sentir pequenina, tão pequena que no pouco que sou me sinto nada. O meu ser enche-se de lembranças passadas onde todos sendo tanto, descobrimos da pior forma que todos eramos apenas nadas.
Nada sei, nada digo, nem sei se aqui volto, não sei se consigo; aqui e agora a única certeza, é que acabei de perder as minhas incertas certezas. Deixo pendurados em mim, no olhar com que miro as palavras escritas e as que sinto por dentro a querer sair, o tempo passado e o presente, ambos misturados na agonia com que de repente sem se fazerem anunciar, entraram no meu dia para ficar.
Alguém consegue ser feliz em cima da infelicidade de alguém?
Como viver, sem viver, com alguém que nos magoa tão fortemente o ser?
Os sorrisos que apagamos no rosto de alguém poderão alguma vez ser devidamente perdoados, e equilibrar a balança que um dia a descompensou?
Um sorriso pode fazer toda a diferença e, não concedendo nós a ninguém o direito de nos intristecer, quando alguém o faz connosco como proceder?
Descobri, agora, que o sorriso com que acordei já está apagado, que aqui algures o deixei em algum lado; ainda vou ver se chego a tempo de o recuperar num esforço supremo de animar, e de me animar.
A sombra, da esquina da porta que tenha na frente, parece querer soltar um sorriso, um sorriso que alguém me parece querer dar; páro atenta, deixo-me a olhar, presto mais atenção, afinal não é nada, é apenas uma luz que saí debaixo de outra porta; porta do lugar onde vive o ser mais importante do meu coração.
Pronto estou de novo alerta, a tentar aligeirar a carga que este espaço me fez recordar; e, a redescobrir o sentido de tudo o que preciso para continuar a querer respirar.
Lisboa, 1 de Agosto de 2011 Maria José Lacerda

1 comentário:

  1. ...Hoje voltei aqui...e...descobri que por uma razão qualquer...este voltar...sem desligar...nunca via parar que aconteça o que acontecer vou vir até aqui...na procura daquele pedaço de mim que algures neste tempo perdi...

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